Primeiras palavras...



Queridos colegas, a ideia de fazer este blog veio da conclusão do curso "Educação para a diversidade e cidadania" promovido pela UNESP. A partir dos conhecimentos adquiridos, pude refletir sobre o quanto se vê a diversidade humana como fator de segregação, mas o quanto isso pode ser mudado por nós, educadores. Ao escolher pensar sobre o corpo no contexto da diversidade, gostaria de promover a reflexão sobre o físico humano, que consiste num primeiro ponto para onde recaem os sentimentos de discriminação e preconceitos. Afinal, basta olharmos para uma pessoa que a distinguimos de outras e, num grau comparativo, a julgamos inferior ou superior. Isto me incomoda bastante, pois é a partir desse olhar, exterior, que caracterizamos muitas vezes os sujeitos e os discriminamos por serem negros, deficientes, homossexuais, indígenas, rurais ou, simplesmente, algo muito ou pouco diferente de nós.
Assim fazemos também quando na atuação na profissão que escolhemos, professores. Necessitamos, portanto, de um olhar mais apurado e reflexivo sobre a diversidade, uma vez que participamos da formação do caráter de nossos alunos e temos obrigação de ensiná-los a humanidade que está em aceitar as diferenças.
Procurarei, portanto, utilizar este blog, como instrumento para minimizar os problemas causados pela não compreensão do diferente. Procurarei, através da postagem de artigos, enfatizar a questão das diferenças, multiplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, a fim de que, como educadores (ou não) possamos nos tornar educados para conviver de forma respeitosa e harmônica com corpos (e mentes) que nem sempre revelam o que são em seu interior...







quarta-feira, 31 de março de 2010


Se formos fazer um balanço dos trabalhos levados a cabo até hoje com a Educação Indígena, caímos da constatação que todos eles, alternativos, oficiais e religiosos, não conseguiram escapar de um modelo formal, escolar. Tanto é que hoje se tornou mais adequado referir-se ao assunto utilizando a expressão Educação Escolar Indígena (Kahn, 1994).

O fato é que não existe Educação Indígena que caiba num modelo de escola. O que se vem fazendo é, sim, uma Educação para o Índio, pois todos os programas desenvolvidos no sentido de se implementar um processo de ensino e aprendizagem entre grupos indígenas têm como parâmetro — seja para reproduzir, seja para contestar — a escola formal. Ao longo da história do Brasil, as ações educativas que vêm sendo desenvolvidas em contexto indígena — reacionárias ou progressistas, religiosas ou leigas, assimilacionistas ou libertadoras — estão atreladas ao modelo escolar formal, ocidental, hierarquizado e individualista. O que pretendo comunicar aqui é que não podemos nos dar a ilusão de estarmos construindo uma "escola verdadeiramente indígena" se, antes de mais nada, nós, agentes desse processo, não somos índios e, sobretudo, porque os índios que estão sendo preparados para assumir esta tarefa vêm sendo orientados, informados, catequisados, doutrinados por nós, caras pálidas. Um dia, espero — e tenho sim essa esperança que se contrapõe ao meu atual criticismo — que as comunidades indígenas tenham seus intelectuais assumindo a conceitualização de algo que será relativo ao processo de ensino e aprendizagem de alguma coisa que eles têm que partilhar com sua comunidade (Kahn, 1994).
Você já ouviu falar na distinção que há entre educação indígena e educação para os índios? Vamos saber um pouco mais sobre isso? Leia o trabalho intitulado "EDUCAÇÁO INDÍGENA VERSUS EDUCAÇÃO PARA ÍNDIOS": sim, a discussão deve continuar...” da antropóloga Marina Kahn. Ela é coordenadora do Projeto de Educação Waiãpi, do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e pesquisadora no Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), em São Paulo e tececonsiderações muito valiosas sobre a educação indígena que vem se dando nas tribos. A partir de suas experiências profissionais e do trabalho com os Waiãpi, cujas terras se localizam no Estado do Amapá, Kahn relata o histórico “escolar” desses indígenas discutindo sobre o papel da FUNAI e a formação dos professores, entre outros. Leia o artigo completo em www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/954/859

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