Primeiras palavras...



Queridos colegas, a ideia de fazer este blog veio da conclusão do curso "Educação para a diversidade e cidadania" promovido pela UNESP. A partir dos conhecimentos adquiridos, pude refletir sobre o quanto se vê a diversidade humana como fator de segregação, mas o quanto isso pode ser mudado por nós, educadores. Ao escolher pensar sobre o corpo no contexto da diversidade, gostaria de promover a reflexão sobre o físico humano, que consiste num primeiro ponto para onde recaem os sentimentos de discriminação e preconceitos. Afinal, basta olharmos para uma pessoa que a distinguimos de outras e, num grau comparativo, a julgamos inferior ou superior. Isto me incomoda bastante, pois é a partir desse olhar, exterior, que caracterizamos muitas vezes os sujeitos e os discriminamos por serem negros, deficientes, homossexuais, indígenas, rurais ou, simplesmente, algo muito ou pouco diferente de nós.
Assim fazemos também quando na atuação na profissão que escolhemos, professores. Necessitamos, portanto, de um olhar mais apurado e reflexivo sobre a diversidade, uma vez que participamos da formação do caráter de nossos alunos e temos obrigação de ensiná-los a humanidade que está em aceitar as diferenças.
Procurarei, portanto, utilizar este blog, como instrumento para minimizar os problemas causados pela não compreensão do diferente. Procurarei, através da postagem de artigos, enfatizar a questão das diferenças, multiplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, a fim de que, como educadores (ou não) possamos nos tornar educados para conviver de forma respeitosa e harmônica com corpos (e mentes) que nem sempre revelam o que são em seu interior...







quarta-feira, 31 de março de 2010

Os programas de televisão anunciam, o tempo todo, as novidades do mercado.
Aparelhos que prometem o emagrecer os gordos sem que eles saiam do sofá.
Cápsulas que capturam as gorduras dos alimentos antes de elas serem absorvidas
pelo organismo. Injeções milagrosas que fazem crescer músculos em corpos magros.
Cirurgias que retiram as gorduras – ainda que ofereçam riscos – realizadas em
clínicas que não oferecem a menor condição de segurança ao “impaciente” que
procura por elas. Enfim, uma infinidade de promessas mágicas. (Pe. Fábio de
Mello em "Quem me roubou de mim?", ditora Canção Nova, 2008)



O Pe. Fábio de Melo é sempre muito inteligente em suas colocações. A frase acima citada nos alerta para o fato da grande ocupação que os indivíduos atualmente dedicam ao corpo: se somos gordos devemos ser magros, se temos a pele branca, ela deverá ficar morena. Se o cabelo é cacheado devemos alisá-lo. Parece que o descontentamento com a aparência física é normal porque ela é sinônimo de felicidade... Parece estar incutido na mentalidade das pessoas que é assim que deve ser e que se assim não for seremos eternamente infelizes...
Ao estudar sobre as diferentes modalidades de educação para a diversidade me vejo intrigada com esta supervalorização dada à aparência física ideal e logo questiono: que lugar estamos destinando em nossa sociedade para aqueles que não obedecem aos padrões de beleza pré-estabelecidas pela sociedade? Que lugar terão aqueles que não poderão se submeter a uma cirurgia para ter pernas de volta ou voltar a enxergar... No anseio pela perfeição física, que lugar estamos dando para aqueles desprovidos, por exemplo, de braços? E a escola, o que tem a ver com isso? Será que ela está contribuindo para o entendimento de que há direitos iguais para pessoas tão diferentes fisicamente? Será que a escola é um lugar onde se constrói o respeito pelos diferentes??? Será que, além da permanência estamos oferecendo a acessibilidade educacional a todas as crianças que estão nos bancos escolares?
Não quero fazer deste blog um espaço para julgamentos, aliás, respeito as pessoas que dedicam atenção à beleza, nem quero fazer-me entender como uma pessoa despreocupada com a aparência física. Pelo contrário, acho que os cuidados com o corpo são fundamentais, que devemos, sim, querer mostrar-nos bem. Os cuidados corporais devem fazer parte da rotina de pessoas que se preocupam com sua saúde.
Gostaria apenas de chamar a atenção para o fato de que, ao exceder-nos na busca pela perfeição do corpo (que talvez nunca aconteça) e fixar-nos nos moldes que a mídia e a sociedade nos impõem, poderemos tender a assumir posturas excludentes àqueles que assim não são. Basta lermos jornais e revistas para constatar que são inúmeros os movimentos de violência contra os “diferentes”.
Quero chamar a atenção dos meus colegas, e respeitados educadores, para o fato de que o preconceito com a aparência física pode nos tornar profissionais segregadores. Aceitar o outro dispende autoaceitação. Penso que a escola muito poderá contribuir para a formação de relações mais harmoniosas a partir do momento que proporcionar reflexões sobre os quanto as diferenças são positivas.

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