O corpo, ao longo do processo histórico, foi um grande instrumento para a busca da homogeneização das sociedades. Isto me assusta e me instiga, pois acredito que ainda acontece nos dias atuais...
Um breve olhar para a educação dos indígenas e dos negros, desde os primórdios, nos é suficiente para visualizar o quanto se buscava educar o corpo a fim de educar a mente, a fim de que as caracteríticas tornassem cada vez mais próximas à da sociedade branca. Os indígenas, por exemplo, submetidos à educação jesuítica, foram batizados e proibidos de realizar o que antes faziam para transformarem seus corpos em “cristãos” sofrendo as penalidades que a diversidade lhes impunha. Caso contrário, não seriam nem considerados humanos. Veja:
Para os missionários, essas “pobres almas”, sendo filhos de Deus, desconheciam a “verdadeira fé”. Deveriam, portanto, conhecer a palavra de Deus, receber o batismo e ser cristianizados. Cristianizar, neste caso, era o mesmo que ensiná-los a viver como civilizados (DOMINGUES, p. 77, 2009).
Destaquei a questão indígena para promover ao leitor a reflexão da imposição que recai, primeiramente ao corpo, para imprimir a mentalidade de que uns são melhores do que os outros.
Ao trabalharmos a educação indígena na escola, muitos de nós, fortalecem uma versão mentirosa que ressalta características preconceituosas aos indígenas como “insolentes, preguiçosos, sujos”, versão esta que nos foi contada e repassada ao longo de nossa trajetória escolar. Será preciso, pois, muito estudo e muita reflexão para mudarmos esse contexto, pois vejo que tais afirmações perpetuam atitudes preconceituosas que nada contribuem para a educação para a diversidade que queremos.
Acredito que assim ainda acontece nas escolas. Vejo as práticas excessivas de disciplina como formadoras de alunos apáticos e imobilizados em vestimentas que os enrijecem e fazem da escola um lugar muito diferente de sua vivência social. A escola, através de práticas assim, busca tornar todos os alunos iguais, mesmo que de forma mascarada, o que considero um grande prejuízo. É como se não houvesse espaço para as diferenças... É preciso mudar!
DOMINGUES, Sérgio A. Sujeitos e saberes da Educação Indígena. Coleção UNESP-SECAD-UAB: Educação à distância na diversidade - Mara Sueli Simão Moraes, Elisandra André Maranhe (org.). São Paulo: UNESP, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.
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