Primeiras palavras...



Queridos colegas, a ideia de fazer este blog veio da conclusão do curso "Educação para a diversidade e cidadania" promovido pela UNESP. A partir dos conhecimentos adquiridos, pude refletir sobre o quanto se vê a diversidade humana como fator de segregação, mas o quanto isso pode ser mudado por nós, educadores. Ao escolher pensar sobre o corpo no contexto da diversidade, gostaria de promover a reflexão sobre o físico humano, que consiste num primeiro ponto para onde recaem os sentimentos de discriminação e preconceitos. Afinal, basta olharmos para uma pessoa que a distinguimos de outras e, num grau comparativo, a julgamos inferior ou superior. Isto me incomoda bastante, pois é a partir desse olhar, exterior, que caracterizamos muitas vezes os sujeitos e os discriminamos por serem negros, deficientes, homossexuais, indígenas, rurais ou, simplesmente, algo muito ou pouco diferente de nós.
Assim fazemos também quando na atuação na profissão que escolhemos, professores. Necessitamos, portanto, de um olhar mais apurado e reflexivo sobre a diversidade, uma vez que participamos da formação do caráter de nossos alunos e temos obrigação de ensiná-los a humanidade que está em aceitar as diferenças.
Procurarei, portanto, utilizar este blog, como instrumento para minimizar os problemas causados pela não compreensão do diferente. Procurarei, através da postagem de artigos, enfatizar a questão das diferenças, multiplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, a fim de que, como educadores (ou não) possamos nos tornar educados para conviver de forma respeitosa e harmônica com corpos (e mentes) que nem sempre revelam o que são em seu interior...







quarta-feira, 31 de março de 2010

PENSANDO SOBRE CORPO E DIVERSIDADE...

O corpo, ao longo do processo histórico, foi um grande instrumento para a busca da homogeneização das sociedades. Isto me assusta e me instiga, pois acredito que ainda acontece nos dias atuais...
Um breve olhar para a educação dos indígenas e dos negros, desde os primórdios, nos é suficiente para visualizar o quanto se buscava educar o corpo a fim de educar a mente, a fim de que as caracteríticas tornassem cada vez mais próximas à da sociedade branca. Os indígenas, por exemplo, submetidos à educação jesuítica, foram batizados e proibidos de realizar o que antes faziam para transformarem seus corpos em “cristãos” sofrendo as penalidades que a diversidade lhes impunha. Caso contrário, não seriam nem considerados humanos. Veja:


Para os missionários, essas “pobres almas”, sendo filhos de Deus, desconheciam a “verdadeira fé”. Deveriam, portanto, conhecer a palavra de Deus, receber o batismo e ser cristianizados. Cristianizar, neste caso, era o mesmo que ensiná-los a viver como civilizados (DOMINGUES, p. 77, 2009).

Destaquei a questão indígena para promover ao leitor a reflexão da imposição que recai, primeiramente ao corpo, para imprimir a mentalidade de que uns são melhores do que os outros.
Ao trabalharmos a educação indígena na escola, muitos de nós, fortalecem uma versão mentirosa que ressalta características preconceituosas aos indígenas como “insolentes, preguiçosos, sujos”, versão esta que nos foi contada e repassada ao longo de nossa trajetória escolar. Será preciso, pois, muito estudo e muita reflexão para mudarmos esse contexto, pois vejo que tais afirmações perpetuam atitudes preconceituosas que nada contribuem para a educação para a diversidade que queremos.
Acredito que assim ainda acontece nas escolas. Vejo as práticas excessivas de disciplina como formadoras de alunos apáticos e imobilizados em vestimentas que os enrijecem e fazem da escola um lugar muito diferente de sua vivência social. A escola, através de práticas assim, busca tornar todos os alunos iguais, mesmo que de forma mascarada, o que considero um grande prejuízo. É como se não houvesse espaço para as diferenças... É preciso mudar!


DOMINGUES, Sérgio A. Sujeitos e saberes da Educação Indígena. Coleção UNESP-SECAD-UAB: Educação à distância na diversidade - Mara Sueli Simão Moraes, Elisandra André Maranhe (org.). São Paulo: UNESP, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você acha que o corpo revela o que a pessoa é?