Primeiras palavras...



Queridos colegas, a ideia de fazer este blog veio da conclusão do curso "Educação para a diversidade e cidadania" promovido pela UNESP. A partir dos conhecimentos adquiridos, pude refletir sobre o quanto se vê a diversidade humana como fator de segregação, mas o quanto isso pode ser mudado por nós, educadores. Ao escolher pensar sobre o corpo no contexto da diversidade, gostaria de promover a reflexão sobre o físico humano, que consiste num primeiro ponto para onde recaem os sentimentos de discriminação e preconceitos. Afinal, basta olharmos para uma pessoa que a distinguimos de outras e, num grau comparativo, a julgamos inferior ou superior. Isto me incomoda bastante, pois é a partir desse olhar, exterior, que caracterizamos muitas vezes os sujeitos e os discriminamos por serem negros, deficientes, homossexuais, indígenas, rurais ou, simplesmente, algo muito ou pouco diferente de nós.
Assim fazemos também quando na atuação na profissão que escolhemos, professores. Necessitamos, portanto, de um olhar mais apurado e reflexivo sobre a diversidade, uma vez que participamos da formação do caráter de nossos alunos e temos obrigação de ensiná-los a humanidade que está em aceitar as diferenças.
Procurarei, portanto, utilizar este blog, como instrumento para minimizar os problemas causados pela não compreensão do diferente. Procurarei, através da postagem de artigos, enfatizar a questão das diferenças, multiplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, a fim de que, como educadores (ou não) possamos nos tornar educados para conviver de forma respeitosa e harmônica com corpos (e mentes) que nem sempre revelam o que são em seu interior...







segunda-feira, 1 de março de 2010

Como tornar a escola um espaço inclusivo?

Em seu artigo intitulado “Educar na diversidade: práticas educacionais inclusivas na sala de aula regular”, Windyz Brazão Ferreira nos dá a oportunidade de repensar a educação inclusiva, alertando que é um desafio formar docentes capazes de educar na diversidade, capazes de flexibilizar e enriquecer o currículo para ensinar todos os estudantes. Ferreira enfatiza a importância do uso de estratégias de ensino que propiciam oportunidades igualitárias de aprendizagem para todos os estudantes, destacando aquelas que se diferenciam do modelo tradicional de funcionamento da sala de aula. Para isso, faz considerações importantes sobre o assunto e elenca alguns princípios orientadores da prática de ensino inclusiva. Vejamos:

A partir da publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (MEC, 1996) e particularmente a partir do ano 2000, as políticas públicas que regulamentam a educação brasileira e os programas governamentais têm gradualmente preparado os educadore(a)s para a inclusão de todas as crianças, jovens e adultos no país, sem discriminação de qualquer natureza.
O processo de mudança da pedagogia tradicional (leitura, cópia, exercícios no caderno ou livro, etc) para uma pedagogia inclusiva, pouco a pouco transforma o(a) docente em pesquisador(a) de sua prática pedagógica, pois a nova dinâmica de ensino faz com que adquira habilidades para refletir sobre sua docência e aperfeiçoá-la continuamente. O docente aprende a reconhecer o valor e a importância do trabalho colaborativo e da troca de experiências com seus colegas professor(a)s, os quais podem contribuir de forma sistemática sobre novas formas de ensinar, de lidar com ´velhos´ problemas e de se desenvolver profissionalmente.


Princípios orientadores da prática de ensino inclusiva (MEC/SEESP 2005, pp. 23-25):
· Aprendizagem ativa e significativa - constituída por abordagens didáticas que encorajam a participação dos estudantes em atividades escolares cooperativas, durante as quais os estudantes se agrupam e resolvem tarefas ou constróem conhecimentos juntos; as aulas são organizadas de forma que os estudantes em grupo realizam tarefas diferenciadas sobre um mesmo conteúdo curricular que se complementam e que dão base à construção do conhecimento coletivo;
· Negociação de objetivos – as atividades propostas em sala de aula consideram a motivação e o interesse de cada estudante. Para isso, o docente deve conhecer a cada aluno(a) individualmente (experiências, história de vida, habilidades, necessidades, etc.) e o plano de aula deve prever e incentivar a participação dos estudantes tanto nas tomadas de decisão acerca das atividades realizadas na classe como no enriquecimento e flexibilização do currículo. Por exemplo, o(a)s aluno(a)s pode fazer escolhas de conteúdos, estabelecer prioridade de aprendizagem, sugerir atividades e formas de agrupamento ou conteúdos para serem abordados, etc.

· Demonstração, prática e feedback – a aula planejada pelo docente oferece modelos práticos aos estudantes sobre como as atividades devem ser realizadas ou o professor(a) demonstra sua aplicação em situações variadas na classe e na vida real, de forma a promover uma reflexão conjunta sobre as atividades e o processo de aprendizagem. ‘Ver’ na prática o que se espera que seja realizado pelos aluno(a)s aumenta as chances de participação de todos o(a)s aluno(a)s e o sucesso da aprendizagem de cada um.
· Avaliação contínua - na prática de ensino inclusiva, o processo de avaliação é contínuo, no qual os estudantes estabelecem seus objetivos de aprendizagem e formas de avaliar seu progresso em termos da própria aprendizagem. A avaliação tem um papel fundamental na revisão continua da prática pedagógica e, conseqüentemente, na melhoria (desenvolvimento) do trabalho docente, porque oferece ao professor(a) dados sobre como usar as metodologias de ensino dinâmicas para abordar conteúdos curriculares de forma diversificada e acessível a todo(a)s os educando(a)s.
· Apoio e Colaboração – esse princípio contribui para romper com as práticas de ensino individualizadas que não favorecem a cooperação entre o(a)s estudantes para atingirem resultados de aprendizagem satisfatórios para todo(a)s. Juntos – em equipe – os aluno(a)s se sentem fortalecidos para correrem riscos e tentarem caminhos alternativos (inovadores) para resolver problemas e para aprender. Obviamente, não se exclui nas atividades de sala de aula a realização de tarefas individuais, contudo, esta forma de trabalho não é a preponderante numa sala de aula inclusiva.
Desenvolver qualidade educacional e promover o desenvolvimento profissional de docentes para educar na diversidade em um país com dimensões territoriais e pluralidade cultural significativas, como é o caso do Brasil, não é tarefa para poucos ou de curto prazo. Todo(a)s devemos estar conscientes de que o processo de mudança acarretará turbulências, temor, desacordos entre áreas de conhecimentos, dúvidas e inseguranças que podem nos imobilizar. Contudo, as mudanças são necessárias e urgentes e, para alcançá-las é preciso estabelecer alianças e parcerias, realizar trocas e compartilhar experiências de sucesso ou de fracasso. Somente assim, superando as barreiras que nos imobilizam e atemorizam, seremos capazes de construir sistemas educacionais mais justos e igualitários, mais humanizados e humanizadores para educador(a) e para cada criança, jovem e adulto que representam a diversidade existente no país.

Leia o artigo na íntegra em: www.grupo25.org.br/.../4Encontro-WindyzFerreira-Educarnadiversidade-ensaiospedagogicos.doc

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