Primeiras palavras...



Queridos colegas, a ideia de fazer este blog veio da conclusão do curso "Educação para a diversidade e cidadania" promovido pela UNESP. A partir dos conhecimentos adquiridos, pude refletir sobre o quanto se vê a diversidade humana como fator de segregação, mas o quanto isso pode ser mudado por nós, educadores. Ao escolher pensar sobre o corpo no contexto da diversidade, gostaria de promover a reflexão sobre o físico humano, que consiste num primeiro ponto para onde recaem os sentimentos de discriminação e preconceitos. Afinal, basta olharmos para uma pessoa que a distinguimos de outras e, num grau comparativo, a julgamos inferior ou superior. Isto me incomoda bastante, pois é a partir desse olhar, exterior, que caracterizamos muitas vezes os sujeitos e os discriminamos por serem negros, deficientes, homossexuais, indígenas, rurais ou, simplesmente, algo muito ou pouco diferente de nós.
Assim fazemos também quando na atuação na profissão que escolhemos, professores. Necessitamos, portanto, de um olhar mais apurado e reflexivo sobre a diversidade, uma vez que participamos da formação do caráter de nossos alunos e temos obrigação de ensiná-los a humanidade que está em aceitar as diferenças.
Procurarei, portanto, utilizar este blog, como instrumento para minimizar os problemas causados pela não compreensão do diferente. Procurarei, através da postagem de artigos, enfatizar a questão das diferenças, multiplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, a fim de que, como educadores (ou não) possamos nos tornar educados para conviver de forma respeitosa e harmônica com corpos (e mentes) que nem sempre revelam o que são em seu interior...







quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Igual-desigual" - Carlos Drummnod de Andrade



Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais.

Todos os filmes norte-americanos são iguais.

Todos os filmes de todos os países são iguais.

Todos os best-sellers são iguais.

Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.

Todos os partidos políticos são iguais.

Todas as mulheres que andam na moda são iguais.

Todas as experiências de sexo são iguais.

Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais

e todos, todos os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.

Todas as fomes são iguais.

Todos os amores, iguais iguais iguais.

Iguais todos os rompimentos.

A morte é igualíssima.

Todas as criações da natureza são iguais.

Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.

Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.

Não é igual a nada.

Todo ser humano é um estranho ímpar.





Que maravilha é ler Drummond!
Que poder têm seus poemas, fazendo-nos pensar
sobre a
diversidade que o ser humano traz em si. Diversidade que o faz ímpar
e
estranho... Que triste pensar que esta estranheza é
causa de reações
desumanas que destróem a alma e machucam o
corpo.
Que corpo e que alma feridos têm os diferentes,
nós... Que tristeza guardam no coração aqueles que se
destacam pela sua unicidade física e mental que se torna causa de repúdio diante
da falsa
homogeneidade que a sociedade busca.
Como pode o ser humano se envergonhar de sua
diversidade?
Como pode não aceitar o outro?
Como pode se envergonhar de ser um ser único,
criação divina?
Prefiro acreditar na beleza da criação , admirar
o
diferente e pensar "Como é bom ser ímpar!"

Um comentário:

  1. Olá Vanessa:
    Se é verdade que a ditadura se repete ciclicamente, por estar latente na visão deformada, excludente (totalitária), presente, incubada no olhar das massas manipuladas pela modernidade, também é verdade que uma nova era jamais vivida pela humanidade se aproxima rapidamente, trazendo convivência inclusiva solidariedade e fraternidade.
    Vanessa,seus artigos são um grande alento aos que esperam. Parabéns.

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